sábado, 18 de abril de 2009

Agricultura Biológica, Biodiversidade e Ética

Aqui vai um estudo em que se mostra como a Agricultura Biológica constitui uma forma de conciliar actividades produtivas com a preservação da biodiversidade.

É um estudo científico, mesmo, publicado pela Elsevier.

Ver aqui.

Este estudo mostra como se pode exercer uma actividade necessária à sobrevivência humana, contribuir para a conservação da natureza e ter prazer em exercê-la. Prazer, porque a agricultura biológica não se tornou uma não-agricultura, à semelhança da convencional ou transgénica, progressivamente mais especializada, em que o agricultor pouco ou nenhum contacto tem com a terra e os animais, senão mediado por uma panóplia infernal de máquinas e agroquímicos, que lhe comem o tempo todo em tarefas de preparação, manuenção e execução. A ab exige afecto, ligação aos ciclos naturais, à tolerancia pelas outras criaturas, convida a um exercício de amor pela terra e pela vida e não apenas à sua exploração. Tem, no seu código genético, a força da ligação humana à natureza, que, como a arte, só se entende vivendo.

De facto, isto remete-nos para uma dimensão mais geral. Como se pode ler nos princípios que subjazem a este blog, neste espaço valoriza-se tudo o que possa contribuir para a regeneração da Biosfera, em conciliação com o prazer de viver, incluíndo o conforto, a segurança, a boa alimentação, a habitação, e todos os direitos fundamentais do ser humano, que o capitalismo tende a tornar mercadoria transacionável, sujeita a especulação e concentração em poucas mãos, com todos os problemas daí decorrentes.

Por isto, queriamos lançar um desafio aos acompanhantes deste blog, o desafio de discutir o Prazer de Viver, numa perspectiva crítica face aos comportamentos humanos actuais, em que entra inevitavelmente o prazer inerente à posse, ao sexo, ao território, ao exercício do poder, mas também o do amor conjugal, filial, o prazer de estar na natureza, o prazer de descobrir, pensar, e tantos, tantos outros.

Somos únicos, e cada um tem a sua hierarquia de prazeres, mas se pensarmos um pouco nisso, directamente, dessa forma muito simples, perguntando "o que me dá prazer", "o que nos dá prazer", teremos um ponto de partida realista e reflexivo para mudar a nossa vida e tornar a nossa busca de prazer mais conciliável com o almejado processo de regeneração da Biosfera.

Que prazeres podemos encontrar nesse caminho de mudança interior, em que se desvelam, cada vez mais, a floresta, o rio, a praia, a planície, à medida que se revelam em nós as emoções e significados profundos desses encontros em primeiro grau? Dar nome a esses prazeres, partilhá-los com fotografias, palavras, poemas, será uma forma de, aqui, desenvolvermos o espírito de uma comunidade alerta e consciente de si, construindo simultaneamente pontes e laços que poderão dar frutos em algum momento do tempo.


Penso que seremos cada vez mais aqueles que trocam haveres, carreiras, dinheiro e outros bens de consumo por mais tempo nos lugares e em actividades da nossa origem, e também cada vez mais aqueles que estariam dispostos ainda a mais, se a necessidade de arranjar dinheiro para a família os não obrigasse a uma escravidão diária em cidades e percursos infernais; ou os hábitos gregários instalados os não levassem para o centro comercial.

A esta teia temos de opor um túnel que nos conduza à liberdade e ao poder de escolha.

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